Publicado em: 14/11/20
Luis Fernando Laranjeira
Dentre outras coisas, editar significa fazer escolhas. O ato de editar remete à seleção de informações, imagens, cenas para publicação. Quaisquer informações, imagens, cenas? Não. O ato de editar é, antes de mais nada, o ato de escolha do QUE será editado; é assumir uma posição diante da realidade, dos fatos, de ideias, conceitos; é, portanto, um ato político.
O ato de editar pressupõe um compromisso ético para com o público. Um compromisso de busca pela defesa do exercício da cidadania; de inclusão; de aceitação das diferenças étnicas, de gênero, de opção sexual, religiosa, política; de liberdade de expressão e de pensamento; de liberdade de escolha pela coletividade.
Ao assumir o papel de editor(a) deve-se levar em consideração o respeito à diversidade e à liberdade, às diferenças. É um ato de resistência aos preconceitos, ao establishment, ao status quo vigente, que diuturnamente nos bombardeia com um sem número de mensagens de todos os tipos e por todos os meios tentando nos impor e nos impondo valores que nos são estranhos, moldando-nos a ideologias e conceitos tantas vezes espúrios.
Em tempos sombrios e de tantos retrocessos, quando a pauta de costumes se sobrepõe à adoção de políticas voltadas ao bem-estar social, de respeito às minorias, às mulheres, aos negros, aos LGBTQIA+, às pessoas com deficiência ou simplesmente a quem ouse pensar diferente, lançar uma editora que se propõe a abraçar a defesa da cidadania e dos direitos humanos é um desafio enorme, é resistir ao atraso.
É vestindo a máscara da resistência revolucionária que o ato de editar, de publicar, pode contribuir para a construção do alicerce que leve a uma convergência de valores e engajamento na dura batalha por uma sociedade que privilegie justiça social, inclusão, direitos humanos e cidadania.
Este Blog da Larvatus Prodeo Editora nasce com a proposta de tornar-se um espaço de discussão crítica, de debate democrático, de veiculação de ideias criativas e transformadoras, de arte e cultura. De resistência, enfim.
Luís Fernando Laranjeira é jornalista, fotógrafo, editor. Mestre em Comunicação e Estudos de Linguagens.
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