Publicado em: 16/11/20
Elmo Rodrigues da Silva
Essa questão dos plásticos e das sacolas dos supermercados são importantes em seu conteúdo simbólico e educativo, mas realmente não “salvarão” o Planeta de tal mazela. Temos que tentar abolir o plástico em toda a sua cadeia de produção, uma vez que ele provém do petróleo, esse sim, um dos grandes “vilões” pelo impacto que provoca, desde a sua extração nos oceanos e costas marinhas, com riscos de poluição por vazamentos, até o seu refino, produção de derivados e fornecimento de combustíveis, sendo a sua queima um dos maiores responsáveis pela poluição do ar e da sua consequente contribuição com as mudanças climáticas.
O problema é muito mais complexo e sistêmico e, claro, o sistema industrial capitalista vai continuar lucrando com a poluição e, agora, com o ” combate” a poluição, se mimetizando em empresas ditas “sustentáveis” e vendendo os seus “selos verdes”. Mas, para isso, precisam incentivar o “consumo verde”. Contudo, muitas dessas empresas de “vanguarda” não “atacam” propriamente a origem dos grandes problemas ambientais.
Tenho visto na imprensa que já existem alguns supermercados em outros países que não embalam seus produtos em embalagens plásticas, vendem a granel, e utilizam os vidros retornáveis, por exemplo. Concordo que, quanto mais evitarmos o consumo de plásticos, mais as empresas terão que investir em soluções e pesquisas para substituir definitivamente o petróleo, os agrotóxicos e outros produtos lesivos ao meio ambiente e à saúde humana e animal.
Mas sabemos muito bem que o poder econômico que envolve o petróleo, os fertilizantes químicos (também um de seus derivados), os agrotóxicos etc, é muito grande e não sairão de cena tão cedo, sobretudo no contexto político atual brasileiro, infelizmente. Enquanto isso, vamos fazendo a nossa parte, consumindo menos plásticos e outros tantos produtos descartáveis, continuando na luta política, ainda que sejamos a minoria.
O mundo vai precisar mudar, e rápido, pois a natureza já está nos dando o troco, e bem alto, pelas irresponsabilidades desse modelo de sociedade que faz do consumismo desenfreado e da acumulação capitalista o seu ideal de civilização. Mas vamos aproveitar que hoje, 15 de novembro, nós brasileiros estaremos decidindo o futuro que queremos para as nossas cidades. E que elas se tornem efetivamente mais verdes, mais sustentáveis e, sobretudo, menos tóxicas ideologicamente falando. Vote consciente. Vote pela vida.
Elmo Rodrigues da Silva é graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre em Engenharia Ambiental pela Ecole Polytechinique Fédérale de Lausane (Suíça) e Doutor em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (1988). É professor Adjunto da UERJ, atuando como coordenador da linha de Pesquisa em Conservação Ambiental do Doutorado em Meio Ambiente e do Mestrado Profissional em Engenharia Ambiental. Coordenador do projeto de Gerenciamento Integrado de Resíduos da UERJ
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