Publicado em: 26/03/21

Marli Vizim

No mundo globalizado o acesso aos bens materiais tecnológicos, econômicos e culturais são muito desiguais e, no caso o Brasil não é diferente. Em 2020, a pandemia de covid-19 acabou por escancarar este cenário colocando à margem do acesso ao conhecimento milhões de estudantes brasileiros.

No conjunto destes alunos aqueles que não possuíam internet, ou equipamentos celulares capazes de armazenar quantidades de atividades se viram lentamente excluídos do processo de aprendizagem, mesmo tendo acesso ao material escrito, havia ausência da interatividade virtual com os mestres.

O que dizer então daquele aluno privado deste direito, somado as suas necessidades específicas em função de uma deficiência sensorial, intelectual, física ou ainda um transtorno de desenvolvimento? Possivelmente, este aluno vivenciou, infelizmente mais uma vez a exclusão escolar.  Os embates entre profissionais defensores do processo de inclusão e outros, juntamente com medidas governamentais, na dura luta pelos direitos iguais, novamente mostrou suas tensões.

Então, CONECTAR-SE passou a ser um desafio não apenas porque havia ausência dos recursos tecnológicos, mas porque cada professor obrigatoriamente teve de se reinventar e pensar em cada um dos seus alunos, consequentemente de suas necessidades, num amplo processo de conexão. Neste momento aquele aluno com Síndrome de Down pode aparecer e também questionar o seu acesso ao conhecimento, as suas atividades, o seu processo de avaliação.

Pensar neste tema #CONECTAR, na continuidade da pandemia é questionar esse processo e as formas diferenciadas de conexão. Afinal este também é o direito das pessoas com Síndrome de Down ou, seja, eu posso por meio da tecnologia alcançar espaços e pessoas antes inimagináveis. A voz daqueles que outrora não era ouvida agora pode falar, questionar, demonstrar, lutar e conquistar novos direitos, novas oportunidades, novos desafios.

É incrível que diante de uma pandemia, aqueles que talvez passassem calados, passaram a ser protagonistas de uma nova história. A tecnologia e todos os seus recursos mostraram que nós pessoas com Síndrome de Down também temos este direito, ou, seja, de #CONECTAR-SE e diferentemente de muitos participar e se apropriar do conhecimento proposto.

Pensar em #CONECTAR é dar oportunidade para que diferentes ações sejam feitas com possibilidade de alcançar todas as pessoas. Processo este que vamos ter de lutar!

Nesta luta por uma escola inclusiva, com equidade e qualidade social, a mobilização continua porque #CONECTAR é um movimento que aglutina o desejo de que a voz das pessoas que vivem a exclusão, como aquelas com Síndrome de Down, possa ecoar nos quatro cantos deste planeta e, fazer transformações relevantes na direção de uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática.

Muitas conquistas já realizadas, um caminho de mudanças, contudo uma luta constante! Parabéns!

Marli Vizim – Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo. Membro do GT-Educação Especial da ANPED. Coordenadora do Projeto de Inclusão na rede pública de ensino de Diadema. Docente do Centro Universitário Fundação Santo André. Autora de “A Representação da Deficiência no Cotidiano Escolar”.

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